O que é BBS? A sigla BBS, ou CBBS na forma original, significa Computer Bulletin Board System, cuja tradução mais direta seria "Sistema de Quadro de Avisos por Computador". É um sistema formado por um computador com um modem e uma linha telefônica (ou vários!), e um software que atende automaticamente chamadas permitindo a troca de mensagens, arquivos, jogos online e várias outras opções. Algumas atendem também, ou exclusivamente, via internet através de um link dedicado com acesso por telnet, web, algum software cliente específico, etc. Os BBSs surgiram em 1977 nos EUA, e em 1984 no Brasil, muito antes da Internet por aqui. Seu auge foi entre 1990-1997 quando tínhamos centenas operando no Brasil e dezenas de milhares no mundo. Hoje há poucos funcionando regularmente no Brasil, todos mantidos por hobby por parte de seus sysops (operadores). Se você tem acesso a um microcomputador com modem, não deixe de conhecer! Eles tem muitas vantagens e opções que complementam ou servem de alternativa ao uso convencional da Internet. Algumas vantagens dos BBSs em relação à Internet: - Velocidade e confiabilidade na troca de arquivos: os arquivos, milhares, são disponíveis com a velocidade máxima que o modem/linha permite, sem a redução provocada por links e sites congestionados da internet, e o "crash-recovery" é algo normal para usuário de BBS, mas exige softwares adicionais (cuteftp, getright, etc) na internet e só funciona em alguns pontos. - "Spam": em BBS e redes como RBT/Fidonet, as áreas de mensagens são praticamente livres da inundação de mensagens comerciais, boatos, correntes e outras não solicitadas. - Otimização na troca de mensagens: as doors de leitores offline em vários BBSs são otimizadas não só na compactação dos pacotes como também nas possibilidades de ajustar para cada área se são desejadas todas as mensagens, as pessoais, pessoais mais "para All", além de opções filtros, twits, keywords que facilitam receber só o que de fato interessa. As áreas de echomail para leitura offline com essas opções estão muito a frente das listas de enail e newsgroups. - Custo: como se não bastasse o tempo menor de uso da linha telefonica, tanto na troca de arquivos como nas mensagens, uma assinatura de BBS varia normalmente entre R$5-10/mes, ou gratuita, contra R$20-40/mes de um bom ISP, 4x menos. - Segurança: o acesso é feito por um programa simples de comunicação, que serve apenas como terminal sob seu total controle. Seu micro permanece isolado e não sujeito a ataques, sabotagens, virus auto-executáveis, espionagem, etc.
Como acessar? Para acessar um BBS você deve usar um programa de emulação de terminal, ou programa de comunicação como é mais conhecido. Existem vários: Telemate, Terminate (http://www.terminate.com), ZOC (http://www.bmtmicro.com), etc, ou mesmo o HyperTerminal que vem com o Windows 95. Os modems vendidos normalmente trazem também um programa de comunicação simples de brinde. Se você usa o Windows 95 mas não tem o HyperTerminal instalado, vá em Painel de Controle, Adicionar ou Remover Programas, Instalação do Windows, Comunicações, HyperTerminal! E peça a instalação (tendo a mão seu CD ou disquetes originais do Windows 95). Os telefones para acesso em diversos estados você pode encontrar na lista de sistemas que compõem a rede ou uma referência mais completa, que inclui também sistemas que não participam da RBT/Fidonet, a Lista Nacional de BBSs. Normalmente o programa de comunicação possui recursos para efetuar a discagem, permitindo que você cadastre os nomes e telefones de seus BBSs preferidos. Após a discagem, o BBS estando desocupado, deverá atender automaticamente a chamada. Durante alguns segundos os modems negociarão a conexão (velocidade, padrão, etc). A partir deste ponto, o programa gerenciador do BBS assumirá o comando da situação, perguntando seu nome e senha de acesso, ou caso não seja um usuário previamente cadastrado, procede o seu cadastramento. Depois as telas são auto-explicativas, normalmente um conjunto de boletins informam as regras de acesso daquele sistema, como utilizar as opções oferecidas, etc.
Redes de BBSs: RBT, Fidonet & Cia Muitos BBSs não operam sozinhos, além de áreas locais também participam de redes com outros sistemas semelhantes para compartilhar áreas de mensagens, arquivos e jogos inter-bbs. As FTNs (Fidonet Technology Networks) funcionam "por batelada", isto é, seus sistemas se conectam alguns minutos por dia através de eventos automáticos por linha telefônica comum (ou internet) geralmente de madrugada. Comparando, a Internet é uma rede onde os links entre seus servidores funcionam 24h/dia, e custam até milhares de reais por mês para serem mantidos. O fluxo é "contínuo" (e pode ser muito lento em horas de pico). Nas redes de BBSs, a conexão é periódica. O fluxo é "por batelada". Uma mensagem em rede como a RBT geralmente não fica disponível de imediato ao destinatário (se for de outro BBS, possivelmente em outro estado ou país) mas algumas horas mais tarde. Em compensação, um servidor de BBS pode ser mantido por 20-100 reais por mês, por isso muitos os mantém por hobby dando acesso gratuito aos usuários. E com um movimento de até dezenas de milhares de mensagens por mês (áreas internacionais da Fidonet). Como montar um BBS Além de acessar outros BBSs, você pode se quiser ter o seu próprio para receber ligações de amigos, clientes, faxes, suas mesmo quando estiver fora de casa e precisar de algum arquivo por exemplo, e assim por diante. A seguir estão os principais itens necessários, com uma breve descrição. Equipamento: é necessário no mínimo um micro com um modem de boa qualidade, e uma linha telefônica disponíveis. O micro pode ou não ser compartilhado com outras tarefas (multitasking). No caso de um micro exclusivo, qualquer 386 ou 486 dá conta do recado, a performance do sistema estará muito mais vinculada à qualidade da linha telefônica e do modem que do processador propriamente. A linha telefônica pode ser exclusiva, permitindo o sistema atender 24h, ou funcionar apenas em horário restrito (por exemplo, a linha voz e o micro de seu comércio/escritório podem ser utilizados como BBS fora do horário comercial). Despesas: os gastos de manutenção de um BBS envolvem o micro/linha alocados, conta telefônica (no caso de sistema que participa de redes como a Fidonet e para isso faz ligações automáticas diariamente para troca de pacotes), luz (pouco, quando o micro não é utilizado para outra coisa, pode ficar com o monitor desligado), compra ou registro dos softwares necessários, manutenção e atualização do equipamento. Lembre que o micro ligado na linha telefônica é sempre um alvo fácil de sobrecargas na rede, particularmente quando chove, com raios... Existem algumas formas de proteção, que diminuem as chances de prejuízo, mas a maioria prefere mesmo é tirar o sistema do ar e desconectar das tomadas quando São Pedro está nervoso :-) De forma geral, um sistema com uma linha telefônica de acesso 24h dá uma despesa entre R$20-100/mês para ser mantido, depois do gasto inicial com a montagem. Cobrar ou não pelo acesso: muitos sistemas dão acesso gratuito pelo menos para a troca de mensagens, e cobram uma pequena contribuição (geralmente entre R$5-10 por mês de cada usuário) para um acesso mais completo não apenas às mensagens mas também a uma base local de arquivos, jogos online, etc. Outros são 100% gratuitos. Se você acha que pode ser um bom negócio montar um BBS e cobrar pelo acesso, melhor desistir :-) não existe NENHUM sysop conhecido que tenha lucro com seu sistema atualmente. Software: um BBS pode funcionar com um único programa gerenciador, ou como é mais comum, com um conjunto de programas, até dezenas deles, cada um com sua finalidade e de acordo com o que se quer ou não ter disponível. Separando por finalidade os principais programas utilizados na montagem de um BBS: Gerenciador: é o programa principal do BBS. Ele cuida do acesso de usuários, seus cadastros e níveis de acesso, da base de mensagens e arquivos, apresenta os diversos menus, boletins, etc. O mais utilizado na RBT é o RemoteAccess (http://www.rapro.com) ou seu clone EleBBS (http://www.elebbs.com). Existem vários outros: PCBoard (foi bastante utilizado, mas a empresa que o desenvolvia fechou há alguns anos), WildCat, Excalibur, WorldGroup, LORA, Concord, Tornado, Maximus (http://www.lanius.com), BBBS (http://www.bbbs.net), MBSE (http://mbse.sourceforge.net), Synchronet (http://www.synchro.net), Nexus (http://www.nexusbbs.net), Mystic (http://www.mysticbbs.com), etc etc. Mailer: é o programa que fica carregado normalmente quando o BBS está no ar aguardando uma ligação, é necessário quando o sistema participa de redes de BBSs. Ele gerencia eventos, atende ligações e troca pacotes de mensagens entre BBSs em rede automaticamente, se for usuário ele chama o gerenciador de BBS, ou se for fax chama um outro programa de fax, e assim sucessivamente. Existem vários. O mailer mais utilizado pelos sysops da RBT é o FrontDoor (http://www.defsol.se). Processador de echomail, ou tosser: é o programa que processa os pacotes de mensagens em rede recebidos pelo mailer, importando para o messagebase local, exportando as geradas localmente, e criando cópias para outros sistemas (no caso de hubs e coordenadores de rede que fazem a distribuição entre diversos sistemas) de forma que possam ser enviados pelo mailer. Os tossers mais utilizados são o FastEcho (ftp://ftp.ttown.com/pub/fastecho) e o FMail (http://fmail.nl.eu.org). Processador de fileecho: é opcional, mas importante para sistemas que se tornam hubs ou coordenadores de rede. Assim como as mensagens que são distribuídas em redes de BBSs, alguns arquivos também o são, no mínimo as atualizações de nodelists. O processador de fileecho cuida dessa distribuição, bem como pode anunciar novos arquivos recebidos localmente no BBS, responder à pesquisas de busca de arquivos, etc. O mais utilizado é o Allfix (http://www.allfix.com). Programa de fax: permite receber faxes na mesma linha que atende como BBS. O mais utilizado é o BGFax (http://www.blkbox.com/~bgfax). Doors: as doors são programas com finalidades diversas que acrescentam opções ao BBS, ou fazem de forma mais completa outras que o gerenciador tenha eventualmente embutidas. São chamados através do gerenciador do BBS que os associa a opções em menus (uma opção de menu em um BBS geralmente executa uma função interna do gerenciador, ou transfere temporariamente o controle para uma door externa). Podem ser de votação, banco de tempo, jogos online, consulta a bancos de dados, empacotador de mensagens, etc etc. Para um sistema que permita a troca de mensagens, no mínimo uma door de leitor offline, como o OLMS (http://www.multiboard.com) é bom ter. Acessórios: compactadores, anti-vírus, geradores de estatísticas, etc. Enfim, aí estão os principais itens relacionados a montagem de um BBS. Uma grande base de arquivos com gerenciadores, doors, acessórios, etc, tudo para BBSing, pode ser encontrada em http://archives.thebbs.org. Mas lembre que ao montar um sistema e anunciá-lo publicamente, é importante conhecer bem todos os programas utilizados para tirar qualquer dúvida dos usuários, e mantê-lo no ar de forma regular. Algumas aplicações podem não exigir um BBS completo. Por exemplo: - Sua empresa precisa trocar arquivos diariamente com filiais? Pode-se com um mailer na sede e um programa de point em cada filial ter uma rede privativa para troca automática de arquivos, sem necessidade de abrir uma conta de internet para cada filial, e com a vantagem que seus arquivos são trocados diretamente, numa única ligação, sem passear por uma rede pública com risco de serem interceptados por terceiros nem sempre bem intencionados. - Você montou um birô de plotagem que recebe arquivos via internet? Mas nem todo cliente seu tem conta na rede, se você tiver um BBS bem simples apenas para receber os arquivos para plotagem, eles poderão enviá-los diretamente. Para isso nem um gerenciador de BBS é necessário, o "modo host" feito através de scripts de um programa de comunicação pode ser o suficiente. - Seu escritório tem uma linha exclusiva para fax? Que tal aproveitá-la de melhor forma montando um pequeno BBS que continuará recebendo os faxes, com a vantagem de enviar para uma impressora em papel comum que é melhor para ser arquivado fisicamente, ou mesmo manter na forma de arquivos no hd os documentos recebidos, e mais eventualmente outras opções que um BBS pode oferecer. Como se vê, a montagem de um BBS além de um hobby pode ser também uma solução criativa e econômica para ajudar em seu trabalho. |